Urias Matos

“No que diz respeito ao pedido de prisão preventiva de Paulo Roberto Bandeira e Wilson Silva reputo que as provas aqui produzidas são parcas e não seguras para apontar os mesmos como partícipes ou coautores do ilícito perpetrado contra ALDO (ANDRADE)”.

O texto acima foi extraído da decisão do juiz João Pereira Neto ao negar o pedido de prisão preventiva requerido pela promotoria pública contra Paulo Bandeira e Wilson Silva. A sentença também conclui, levando em consideração o relato do serviço de inteligência da Polícia Civil que “nada de relevante foi encontrada na interceptação telefônica dos dois”.

Nessa mesma decisão o juiz decretou a prisão preventiva dos outros acusados: Jamys Rodrigues da Silva, Robson da Silva Santos, Douglas Ferreira da Silva e Jonas Fernandes Almeida.

O que mais causa estranheza a todos é de onde o delegado tirou suas conclusões para, numa entrevista a uma rádio local, acusar Wilson Silva e Paulinho Bandeira se o próprio relatório da polícia civil, capitaneada por ele diz exatamente o contrário?

Talvez o delegado não tenha lido direito e assinado às escuras o dito documento elaborado por seus pares, ou pior, não tenha visto a parte que diz “nada de relevante foi encontrada na interceptação telefônica dos dois”.

Talvez então ele tenha antecipadamente recebido a informação de que seria homenageado pela Câmara Municipal e pelo deputado Rigo Teles num discurso veemente e bombástico no plenário da Assembleia Legislativa.

Estranho também é notar que depois de vários dias a mesma polícia civil não tenha emitido uma linha sequer sobre o assassinato de Raimundo Neto. Também assassinado brutalmente.

São tantos “senãos” e “talvez” que a reportagem do fantástico de ontem -que mostra a conduta arbitrária e criminosa de outro delegado da polícia civil do Maranhão - já não queira nos dizer nada, ou melhor, talvez nos diga tudo.

Para nós maranhenses e barra-cordenses o fim do mundo não chegará dia 22, ele aqui se anuncia todos os dias, sem termos nem céus nem bispos a quem recorrer: “Tá tudo dominado!”.