Urias Matos
O transeunte mais desavisado ao
caminhar pelas ruas e avenidas de Barra do Corda por certo deverá admirar-se
não apenas do asfalto e do calçamento da maioria das ruas, mesmo aquelas da
mais distante periferia, como as da Vila Mariano, mas também pela magnitude de
construções como do mercado público da Trezidela - não por acaso à revelia da
lei, batizado de Manoel Mariano de Sousa, nome de nascimento do prefeito Nenzin
- ou de uma monumental escola surgida dos escombros do antigo CNEC, também no mesmo bairro.
Bairro Trezidela, em Barra do Corda |
Não
se sabe ao certo os reais valores transferidos pelos governos estadual e federal
a títulos de convênios e emendas parlamentares para a cidade. Algumas estimativas dão conta que eles
ultrapassam a casa dos 200 milhões. Somente para a recuperação da beira rio,
outra obra grandiosa executada na gestão Nenzim, foram investidos mais de 9
milhões, sem contar os cerca de 1 milhão investidos na chamada “ponte do
ministro”, uma alusão ao escândalo que envolveu o então ministro Pedro Novais,
demitido pela presidente Dilma após denuncias de corrupção na pasta.
O
fato é que a conta não fecha. Apesar dos monumentos e do aparente
desenvolvimento, Barra do Corda apresenta números pífios nos quesitos educação,
saúde e desenvolvimento humano. Esses números do IBGE referentes a 2010 são um
claro retrato do estado de lamúria em que se encontra a cidade.
Desde
2003 até hoje foram criados pífios 1.543 empregos formais na cidade. No mesmo
período no Maranhão foram criados 345.328 e no Brasil 18.637.154. Em 2012 temos
um déficit de -59 empregos criados, o que significa que em relação ao mesmo
período do ano passado andamos para trás. Para ratificar esses números, dados do
Ministério da Indústria e Comércio dão conta que a cidade tem apenas 204
empreendedores formais, se comparado ao Maranhão esse número não representa nem
0,6% do total de 38.972 do estado, que notadamente é o mais atrasado do país.
Na
agricultura, apesar do enorme potencial de terras férteis, de água e de outros fatores positivos, no ano
agrícola 2011/2012 foram firmados apenas 573 contratos que resultaram na
liberação de pífios 2,56 milhões de reais, menos de 1,6% de todo valor liberado
para o Maranhão.
Os
números vão mais longe. Enquanto no resto do estado se contratou 50.290
unidades do programa Minha Casa Minha Vida, em Barra do Corda esses contratos
foram de apenas de 806 unidades, sendo que apenas 406 foram concluídas - e ainda existe a suspeita de corrupção sobre elas - enquanto no resto do estado esse número chegou a 35.640. Piora a situação
quando nos debruçamos sobre os números do PAC-2 que se destina a famílias com
renda de até 1.600 reais, no município não houve nenhuma contratação.
A TRAGÉDIA DA SAÚDE
A
tragédia, porém, se torna maior ainda quando analisamos os números da saúde.
Enquanto no Brasil quase cinco milhões de
pessoas foram atendidas com remédios gratuitos distribuídos pelo governo
federal para pessoas com hipertensão e diabetes, e número chegou a zero em
Barra do Corda, tomando o estado do Maranhão como referência, quase 45 mil
pessoas foram atendidas.
As
15 Unidades Básicas de Saúde que hoje aparecem como existentes são
insuficientes para atender a população e enquanto no Maranhão inteiro 80 estão
em construção e 2.105 no Brasil inteiro, não existe a programação de nenhuma
para Barra do Corda, se houvesse, dada a inexistência de médicos e até de
medicamentos, de quase nada serviria.
Quando
a lupa recaí sobre o programa “Saúde da Família” a tragédia toma ares
terríveis. Barra do Corda, com seus mais de 80 mil habitantes tem apenas 11
equipes para o trabalho, que por conta disso cobre apenas 29,16% de toda sua
população residente. Para todo esse contingente populacional caracterizado pela
situação de pobreza, apenas 01 centro de especialidade do programa “Brasil
Sorridente”.
EDUCAÇÃO ANALFABETA
Quando
nos debruçamos sobre os números da educação, temos a noção exata do abismo em
que nos encontramos. A frieza dos números mostra que apenas 62 bolsas do Prouni
foram utilizadas em Barra do Corda, esse número chega a quase 8.000 no resto do
estado e quase 500 mil no país. No Maranhão existe a previsão de construção de
117 creches, 877 quadras escolares e 28 praças de esporte e cultura, nenhuma
para Barra do Corda.
As
duas únicas noticias alentadores nessa área é a previsão de instalação de 01
creche e que, até 2014, seja instalado o Campi da Universidade Federal.
MAQUIAGEM
A
tradução desses números dá a exata dimensão da maquiagem caricatural vivida por
Barra do Corda nos últimos anos. A imponência dos prédios apenas reflete a
megalomania de quem os construiu, pior ainda, fruto de emendas federais elas
apenas são parte de uma rede de corrupção que culminou com o desvio de valores
muito maiores que os 50 milhões descobertos inicialmente pela Polícia Federal
na operação “Astiages”. A cidade, vista pelo prisma dos prédios, do asfalto, do
calçamento toma um ar de modernidade, porém não consegue esconder o esgoto a
céu aberto, a chaga mais clara e evidente que retrata a gestão Nenzin.
A
ausência de médicos, de remédios, um hospital alcunhado de “matadouro”, título
que não carece explicação ou “rodoviária” por servir apenas para transportar
doentes para Presidente Dutra e Grajaú, uma educação catastrófica -e aqui
recorremos mais uma vez à megalomania das construções desnecessárias - que abdica
do básico, a formação e qualificação dos professores e talvez a herança mais
grave, a falta de geração de emprego e renda, são um contundente e triste
retrato desse quadro terrível. Prova disso é que em todos os índices que medem qualidade de vida, perdemos para as cidades vizinhas de Grajaú e Presidente Dutra.
Apesar
da educação e da saúde gerar dividendos financeiros, pagar médicos e qualificar professores não está na conta dos 30% que sobram das emendas. Criar emprego,
gerar renda e estimular a agricultura, são ações que não se ajustam a esse
sórdido processo que Maluf foi precursor e mestre, o “rouba, mas faz”. Aluno
fiel que se tornou mestre, Nenzin usou Barra do Corda como seu tubo de ensaio,
como seu teatro em que por anos a fio desfilou como rei, senhor e mestre, e
como num conto bufão de triste lembrança da idade média, destinando aos porcos, seus súditos, as batatas, parcas sobras do seu magnífico manjar.
Na verdade tudo que eu tinha de falar sobre essa quadrilha eu já falei, más agora, com a mudança de gestão, espero que as coisas mudem, que se revertem tudo que ha de errado, o que houve de errado, e que se previnam do que poderá haver de errado, devemos exigir da justiça que se faça cumprir a constituição, que bane de vez esta prática de politicos batizarem orgãos publicos em seus próprios nomes, ou de alguns aliados vivos. a moralidade deve partir da justiça, que deveria impedir essa prática.
ResponderExcluirUrias vc esta de parabens pela a materia falou a realidade de Barra do Corda de forma culta e verdadeira. espero que tenha crescimento nesse seu blog. amostrou que e uma pessoa competente e de moral, pessoas assim sao pessoas que nao se deixa corronper. Barra do Corda ja estava mais que na hora de ter um blog serio e imparcial como o seu. pois todos os outros sao tedencioso. queria lhe dizer que nao so ganhou um leitor mais como tbm um admirador, abraço
ResponderExcluirMuito obrigado Daniel, o blogue está tomando corpo, queremos não apenas dar a notícia, mas comentar e estamos abertos para críticas e sugestões. Abraços.
ExcluirUrias Matos
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirSou de Barra do Corda, quando sai dai deixei o Galeno como prefeito, depois dele teve outros Barra-cordenses de fibra na prefeitura, não sei porque meus conterrâneos deixaram a nossa querida princesa do sertão cair nas mãos dos forasteiros, que alem de forasteiros irresponsáveis com a coisa pública, eu não conheço esse rapaz que se elegeu ai para prefeito, mas pelo que acompanho sobre ele no turma da barra,acho que ele é um sopro de esperança para a salvação da lavoura. Aqui onde moro temos também como prefeito um Nenzin da vida, que infelizmente nesta eleição por conta de eleitores barrela não conseguimos tira-lo do poder. Wilson Ferreira Leite São Luís Gonzaga Ma.
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